segunda-feira, 26 de outubro de 2015

349. O Absolutismo Político Europeu. Precedentes Greco-romanos

Luc Ferry, em A Sabedoria dos Mitos Gregos, explica como aquele povo acreditava que deuses e homens tinham a mesma origem o Nada, ou o Caos, ou esse casal colossal Netuno (o Firmamento) e Gaia (a Terra). Para os gregos antigos, deuses e homens são irmãos: os deuses, irmãos altamente prendados e, principalmente, imortais; os homens, irmãos mortais e menos qualificados, emergindo aqui e ali alguns vultos notáveis, equiparáveis aos deuses. Nunca, é claro, iguais aos deuses.

Assim, Will Durant explica que, quando Otávio vence Antônio, e se torna o grande general romano, assume, tempos depois, o comando do Senado, como princeps, o primeiro senador. É ele quem, de fato, comanda o Senado, que aparentemente representa todo o povo romano. E o Senado lhe confere o título de augustus, ser sagrado, divindade que produz a expansão, o progresso. Will Durant afirma que “o próprio Augusto tornou-se um dos principais competidores de seus deuses. Já em 36 a. C. algumas cidades italianas haviam dado a Otávio um lugar nos panteões locais; e, 27 a. C. foi o seu nome acrescentado aos dos deuses nos hinos oficiais em Roma; seu aniversário tornou-se, além de feriado, dia santo, e depois de morto decretou o Senado que seu genius, ou alma, seria dali por diante adorado como uma das divindades... Quando... Augustus visitou a Ásia grega, teve ensejo de ver os progressos de seu culto por lá. Dedicações e orações exaltavam-no como o “salvador”, “o mensageiro da boa nova”, “deus, filho de deus”; afirmava-se que em sua pessoa estava o longo esperado Messias, portador de paz e felicidade ao mundo. Os conselhos provinciais fizeram da adoração de Augusto o centro de suas cerimônias; um novo sacerdócio, os Augustais, foi nomeado pelas províncias ou municipalidades para o serviço do novo deus. Augusto... por fim aceitou, como apoio espiritual ao Principado,... aquela adoração comum surgida no meio de tantos credos diversos e opostos. E o neto do banqueiro consentiu em tornar-se deus.”

E a prodigiosa história dos mártires cristãos da igreja primitiva de Roma tem precisamente o seu fundamento na recusa daqueles cidadãos romanos de prestarem o culto de adoração ao Deus, Imperador Romano.

 

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